Seguro de vida vai ficar mais barato no Brasil

Os valores das contribuições dos planos de seguro de vida podem reduzir entre 10% e 15% com a utilização de uma tábua atuarial genuinamente brasileira.

A tábua que agora tradicionalmente serve de base para os cálculos atuariais do setor de seguros no Brasil, baseada nas informações da população dos Estados Unidos, será substituida por uma nova tábua, desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) afirmou que, pela nova tábua a expectativa de vida de um homem brasileiro consumidor de seguros de vida pula, aos 40 anos, dos 33,35 anos a mais estimados pela tábua americana, para mais 40 anos. Já as mulheres brasileiras, também aos 40 anos, viverão mais 46,2 anos, em vez dos 38,86 anos estimados pelos cálculos dos Estados Unidos.

Armando Vergílio, presidente da Susep (Superintendência de Seguros Privados), explicou que apenas os novos contratos irão refletir a alteração. Os brasileiros que já têm seguro de vida contratado não terão mudanças no valor da contribuição, que oscilará entre 10% e 15% tanto para homens, quanto para mulheres, de acordo com a FenaPrevi.

“O valor antigo não era justo porque era baseado em outra realidade” , disse Vergílio, explicando que a UFRJ atualizará a tábua brasileira de cada ano e cabe à Susep atualizar os dados a cada cinco anos.

A tábua, chamada Experiência do Mercado Segurador Brasileiro (BR-EMS), foi construída a partir da consolidação dos dados referentes aos anos de 2004, 2005 e 2006, fornecidos por 23 seguradoras, que representam 95% do mercado brasileiro de vida e previdência complementar.

O estudo analisou o histórico de 32 milhões de brasileiros – 19 milhões de homens e 13 milhões de mulheres – todos já clientes do mercado dos seguros.

O presidente da FenaPrevi, Marco Antonio Rossi, ressaltou que, exatamente por considerar os clientes do mercado segurador brasileiro, a tábua se distancia dos dados oficiais de expectativa de vida do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo ele, a diferença para a tábua americana é ainda menor se forem considerados os dados que serão utilizados no mercado de previdência privada.

Neste caso, os homens com 60 anos – idade média do cliente para começar a receber o benefício – tem a expectativa, de acordo com tábua americana, de viver mais 25,09 anos, o que passará para 25,50 anos no recálculo. Para as mulheres de 60 anos o aumento será de um ano, de 28 para 29 anos além dos 60.

Rossi lembra que, no caso da tábua de previdência, quanto mais o segurado viver, mais ele terá que pagar para poder receber o benefício por todo o período.

Como o mercado de previdência no Brasil apresenta, em média, um cliente de alto poder aquisitivo, os consumidores brasileiros tendem a viver mais tempo do que os americanos, onde o mercado é mais pulverizado.

Apesar disso, a expectativa, pela pequena diferença, é que não haja um aumento significativo nos novos contratos de planos de previdência privada.

O presidente da comissão atuarial da FenaPrevi. Jair Lacerda, acrescentou que cerca de 70 países têm tábuas de vida oficiais, mas apenas um número por volta de 10 nações possuem uma tábua própria para o mercado segurador.

” Basicamente, quem usa tábuas próprias para o mercado segurador são os países do G7 ” , disse Lacerda.